domingo

Crianças e os esmaltes


O uso de esmalte comum em crianças é um tópico que gera discussão. A maioria dos médicos recomenda o uso do produto próprio para as crianças, sim, principalmente se a criança for muito pequena. Alguns componentes dos esmaltes como o dibutil ftalato, o nitrotolueno, o tolueno e o furfural, podem causar alergias e até mesmo, pelo uso continuo, segundo alguns estudos, provocar câncer.


Ana Contenta começou a pintar as unhas de Julia aos dois anos de idade. Hoje, aos sete, a menina já frequenta a manicure com a mãe e troca a cor do esmalte cerca de duas vezes por semana. “Não tenho nada contra, acho que é uma vontade que as crianças vão adquirindo naturalmente, com o tempo”. Ela conta que a filha escolhe a cor, que varia entre rosa e roxo, e também o desenho que quer fazer. “Sempre tem que ter uma florzinha, algum detalhe”, conta Ana.

Larissa Souto, de nove anos, não tem a mesma mordomia. Ela mesma faz as unhas, em casa, com esmaltes comprados com o aval da mãe, Andreia. “Eu não estimulava tanto no começo, queria preservar mais esse ‘lado criança’. Mas elas acabam querendo copiar as coleguinhas, as meninas mais velhas, as cantoras e atrizes que elas gostam”, explica-se. Agora, Larissa está na fase do esmalte vermelho e a mãe acha um pouco demais. "Imponho alguns limites pra que ela não perca essa fase pensando tanto na estética" afirma a mãe.

Falando em limites, a mãe de Julia também garante que começaria a ser mais dura se a filha levasse a manicure muito à sério. "Acharia um pouco demais se ela dissesse que não quer sair com tal roupa porque não combina com o esmalte", afirma Ana.

Para as mães, a moda dos esmaltes coloridos estimulou ainda mais o desejo das crianças de começarem a pintar as unhas tão cedo. Ana conta sua própria experiência. “Quando a novela TiTiTi (TV Globo) lançou a linha própria de esmaltes, minha filha foi lá e comprou todos”. Andreia concorda: “Por mais que a gente tente frear um pouco, é uma coisa dessa geração. As meninas começam a se preocupar com a aparência muito mais cedo”.

E a cutícula, pode tirar?

O salão Corte Kids, em São Paulo, possui manicure especializada em crianças. Bárbara de Freitas, que é quem faz as mãos das pequenas clientes, diz que existem algumas regras: lá, por exemplo, eles não tiram cutícula - apenas lixam e pintam. "Não tiramos nem se a mãe da criança pedir", garante.

O médico dermatologista Marcos Bonassi é totalmente à favor da política do salão infantil: "A ida à manicure deve estar limitada a cortar as unhas e, no máximo, pintar com esmalte. Nem empurrar com espátula pode".

Ana já decidiu que não vai permitir que Julia faça isso antes dos 15 anos. Já Andreia quer que Larissa complete 18 anos, pelo menos. A dermatologista Estrela D'Áurea Machado explica que estas são posturas corretas. "É preciso evitar remover grande quantidade de cutícula, pois ela representa uma barreira de defesa para infecções bacterianas e fúngicas. E criança, como todo mundo bem sabe, nem sempre estão em dia com a higiene das mãos".

É importante lembrar que, se a sua filha já vai à manicure e tira a cutícula, é preciso aconselhá-la a levar o próprio material. "O aparecimento de doenças não é freqüente, mas podem ocorrer alergias, decorrentes do uso de acetona e esmaltes, e até infecções decorrentes de má esterilização", complementa a dermatologista.

Esmalte infantil x esmalte comum

O uso de esmalte comum é outro tópico que gera discussão. A maioria dos médicos recomenda o uso do produto próprio para as crianças, sim, principalmente se a criança for muito pequena. "Alguns componentes dos esmaltes como o dibutil ftalato , o nitrotolueno, o tolueno e o furfural, podem causar alergias e até mesmo, pelo uso continuo, segundo alguns estudos, provocar câncer", ensina Estrela.

Os esmaltes infantis, com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), são à base de água e devem ser removidos sem o uso de acetona. "O rótulo dos produtos precisa trazer essas informações. Além disto, os pais devem supervisionar o uso de cosméticos pelas crianças e verificar a indicação infantil", ensina a dermatologista. Já o Marcos Bonassi é mais radical. "Eu não recomendo o uso do esmalte antes dos seis ou sete anos. A criança muito pequena pode ingerir o esmalte quando leva a mão a boca", indica.

Se a sua filha nunca pintou as unhas, vale uma ida ao dermatologista para verificar uma possível alergia à algum componente do produto ou mesmo à cor. "É aconselhável realizar teste de contato principalmente para crianças que já possuem algum histórico de alergia", diz Estrela.

Tanto Ana quanto Andreia garantem que, no começo, usavam apenas marcas próprias para crianças. "Mas fui ao médico e ele garantiu que não tem diferença em usar esmalte para criança e o normal. É relativo, é mais ou menos como usar shampoo infantil ou o normal. Não via muita diferença, então agora deixo ela usar qualquer um", conta a mãe de Julia. E Andreia abandonou os produtos especiais apenas por questão estética: "Como ela não apresentou nenhuma reação alérgica desde pequena, passei a comprar o normal com o tempo. O infantil era muito difícil de encontrar e não vinha nas cores que ela queria".

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