domingo

Especialistas garantem a eficácia dos cosméticos ecologicamente corretos


A onda verde tomou conta pra valer do mundo dos cosméticos. Não faltam apelos para apresentar ao consumidor produtos cuja formulação tem o máximo possível de ingredientes naturais, e mais ainda, vegetais, matéria-prima orgânica e frutos e sementes de árvores de cultivo sustentável, sem contar o aspecto sócio-econômico relacionado à reciclagem e cultivo de espécies regionais, que geram emprego.


No entanto ainda não existe no Brasil uma legislação sobre normas consensuais a respeito do que são os cosméticos ecológicos. Por enquanto os referenciais de certificação são determinados por propostas privadas das empresas certificadoras. Esses referenciais geralmente são construídos por todos os setores envolvidos na indústria, como empresas do ramo, profissionais da área e o consumidor. As certificações adotadas atualmente em produtos cosméticos no mundo não são contempladas na legislação de nenhum país. Os “fiscais” do uso correto destes selos certificadores são as entidades que congregam consumidores e os órgãos que regulam a propaganda, no Brasil um deles é o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

Hoje não há um órgão fiscalizador global ou mundial, com premissas universais, que regule os critérios dos referenciais privados, mas parece que isso já não é algo tão distante. No momento está acontecendo uma discussão mundial sobre as bases a serem respeitadas para a certificação de cosméticos orgânicos e naturais, mas não há prazo definido para as conclusões dessa discussão. Em tempo: na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não existe regulamentação para cosméticos orgânicos ou naturais, assim como também não há regulamentação para as empresas que utilizam ingredientes orgânicos em seus produtos, mas a agência começa a discutir o tema com as áreas envolvidas. Atualmente há um grupo de trabalho formado pelo Ministério da Agricultura, Anvisa, ABIHPEC e Associação Brasileira de Cosmetologia, empresas do ramo e certificadoras para criar a Instrução Normativa para Cosméticos Orgânicos, que vai ser a base para a regulamentação do setor no Brasil.

O que é um cosmético orgânico


Como já foi dito, os referenciais de análise dos cosméticos são privados, isto é, cada empresa adota suas premissas. Para a Ecocert Brasil, o que diz respeito aos ingredientes utilizados na formulação de um cosmético orgânico – sem considerar os processos permitidos ou proibidos e aspectos de rotulagem – 95% dos ingredientes deve ser de origem natural. Nesta categoria se incluem a água, a argila e ingredientes vegetais, por exemplo. Os 5% restantes não precisam necessariamente ser de origem natural, mas devem respeitar uma lista positiva que limita as alternativas. Dos ingredientes vegetais, 95% devem ser certificados orgânicos. Do total do produto, no mínimo 10% do seu volume devem corresponder a ingredientes orgânicos certificados. Inclusive, é muito fácil que o consumidor se confunda em relação a produto final e alguns ativos da fórmula. Um cosmético que use uma matéria prima orgânica não é necessariamente orgânico ou verde, pois ele pode usar ativos não permitidos pelos referenciais privados ou adotar processos não permitidos, como, por exemplo, a radiação, o uso de reagentes derivados de petroquímicos ou mesmo ingredientes de origem transgênica.

Eficácia

A questão da eficácia é crucial quando se fala em cosméticos orgânicos ou ecológicos. Na prática é como se essa categoria de cosméticos fosse “artesanal” e, consequentemente, menos potente do que os tradicionais. Mas de acordo com especialistas essa preocupação não tem fundamento. O perfil de segurança e eficácia do ingrediente de origem orgânica é rigorosamente igual ao seu correspondente não orgânico. Do contrario, é outro ingrediente. Ser orgânico ou natural se refere à origem do ingrediente, mas o produto final tem que ter o mesmo nível de segurança. Além da microbiologia e estabilidade idênticas ao produto tradicional. A ciência e a tecnologia que existem por trás da formulação de um cosmético evoluíram muito. O rigor de análise de eficácia e segurança é exatamente o mesmo para um produto orgânico e um tradicional. A eficácia depende da combinação dos ativos em uma fórmula, e esses ingredientes podem ser naturais, orgânicos ou sintéticos, não importa. Um produto pode ser orgânico e ser muito mais eficaz do que um não orgânico. Só é importante lembrar de duas ressalvas, uma em relação aos protetores solares, os orgânicos só chegam até o FPS 30, mas, fora isso, são potentes na proteção UVA e mais foto estáveis do que os sintéticos; e a outra é em relação a xampus, condicionadores e outros itens capilares, os orgânicos não podem conter silicone, mas esse ingrediente é um dos responsáveis por dar emoliência, brilho e capacidade de regeneração aos cabelos.

Conservantes

O uso de conservantes nas fórmulas é necessário para aumentar a vida útil dos ativos. Por outro lado, algumas substâncias muito usadas, como os parabenos, por exemplo, podem representar riscos à saúde em longo prazo. De 20 anos para cá, uma série de estudos científicos vem comprovando o potencial cancerígeno dessas substâncias, tanto é que muitas indústrias cosméticas vêm substituindo esses conservantes por outros mais seguros para a saúde. No entanto, o alto potencial dos parabenos de colocar a saúde em risco ainda é visto com certa condescendência por algumas empresas certificadoras. Temos vários relatórios de centros de pesquisa independentes e de órgãos oficiais de controle de produtos que sustentam que os parabenos em geral são adequados para uso em produtos cosméticos. Na realidade todo conservante tem uma margem de segurança limitada. Isto é da natureza destas moléculas que foram criadas para matar micro-organismos e manter os produtos preservados da contaminação provocada pelo manuseio dos consumidores. No entanto em alguns referenciais de certificação de produtos cosméticos naturais, os parabenos são permitidos por serem encontrados na natureza.

Teste em animais

É expressamente proibido, no setor dos cosméticos orgânicos, realizar testes em animais. Esses testes resultam no sofrimento dos animais que são submetidos a queimaduras com substâncias cáusticas, cortes, injeções de substâncias tóxicas e outras atrocidades que o homem ainda comete para testes de medicamentos. Na Europa, há mais de três décadas, grupos ligados à proteção dos animais iniciaram movimentos em favor de banir esses teste. No Brasil não se faz mais testes de produtos cosméticos em animais há pelo menos dois anos. Isso se deve ao fato de que já existem vários testes in vitro validados para nossos produtos, assim como protocolos de testes em consumidores – práticas que são mais eficientes do que aquelas que usavam animais e mais baratas do que em outros países.

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